Enquanto espaço aberto à criação, o conjunto de residências artísticas realizadas no Fórum da Maia permitiu afirmar uma dimensão de experimentação livre e deambulatória. Tanto Manoel Quitério, como Michel Bragança e Vasco Mota criaram intervenções que vieram a integrar diretamente o espaço público envolvente. No caso de Tiago Madaleno, a intervenção concretizou-se através de duas criações site-specific aplicadas sobre vidros no interior do Fórum, explorando as qualidades translúcidas do suporte e a sua relação com a arquitetura. Assim, convocou-se a arte mural e a arte pública, o desenho e a pintura, num conjunto de residências que possibilitou criações in situ, com enfoque na visibilidade pública das obras e na sua capacidade de interpelar quem por ali passou, reforçando, de igual modo, a ligação à comunidade local.
No caso da residência artística de Alice Guerreiro, Rita Paixão e Pedro Oliveira, o trabalho desenvolvido assumiu a forma de uma deambulação performativa pelo espaço da bienal, dando voz aos versos escritos pelos poetas convidados. Sob a égide da performance, o processo de exploração a partir dos textos traduziu-se numa passagem da poesia para o corpo e para o gesto. Em diferentes pontos do Fórum da Maia, os textos de Andreia C. Faria, Maria Brás Ferreira e Nuno Félix foram ditos, sussurrados ou representados. Escondidos entre os visitantes, os intérpretes surgiam de surpresa, ativando o espaço com palavras que se insinuavam ao ouvido, se projetavam pelas janelas ou se inscreviam na pele de quem as dizia, como um convite a tornar permanente o efémero. Deixando de ser apenas leitura silenciosa, invocou-se a importância da respiração, da proximidade e do encontro entre palavras e os seus múltiplos leitores.