Após ter explorado a cultura como uma prática intrinsecamente política, indissociável do nosso lugar e intervenção na sociedade na edição de 2021, e mais recentemente como um bem que nos permite refletir sobre o presente e os desafios da existência no futuro próximo na edição de 2023, a BACM 2025 propõe-se abrir um novo horizonte: um futuro liberto do medo que permeia determinados discursos e narrativas, mais plural, inclusivo, desafiante e, simultaneamente, inventivo.
O tema da edição de 2025 — fulgor — parte das interrogações lançadas por Maria Gabriela Llansol no seu discurso de aceitação do Grande Prémio do Romance e da Novela, em 1991, onde questionava: “Como continuar o humano?”, “Que sonho vamos nós sonhar que nos sonhe?”, “Para onde é que o fulgor se foi?”. A escritora portuguesa defendia a urgência de uma liberdade vivida, enraizada na imaginação e nos afetos — uma liberdade que não se esgota na consciência, mas que se manifesta no ato poético, na criação sensível e na vida partilhada. O conceito de fulgor atravessa toda a programação e estará igualmente presente nas criações de artistas provenientes de países que celebram, este ano, os 50 anos da sua independência face ao domínio colonial português.
É nesse espírito que a BACM 2025 se constrói: como espaço vivo onde o “corpo de afetos” que nos une se revela através da prática artística. Reunindo uma diversidade de artistas, as obras apresentadas – do campo visual ao da poesia – propõem-se a abordar a força do real que está por vir. As suas criações apresentarão uma realidade outra, tão inconfundível quanto incomunicável, tão incompreensível quanto inimaginável e, ao expressarem o fulgor da imaginação, darão resposta às inquietações aqui expostas.
A programação inclui exposições, performances, ativações de obras, experiências gastronómicas, declamação de poesia, concertos e DJ Live, feira de edições de artista, intervenções no espaço público, residências artísticas, oficinas com arte-educadores, conversas e visitas guiadas, apresentação de publicações.
Reconhecendo que a arte contemporânea traça novos contornos para a cultura, a BACM 2025 afirma-se como uma plataforma de criação, exibição, formação, encontro, aberta ao diálogo entre práticas artísticas, públicos e territórios. Ao projetar a Maia no panorama cultural nacional e internacional, esta edição reforça o papel da arte na construção de futuros possíveis — desafiando-nos, em simultâneo, a repensar o passado e o modo como habitamos o presente.